Minhas Impressões: Baby Daddy (ABC Family)
Comédia tão forçada quanto o Photoshop desta foto.

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Comédia tão forçada quanto o Photoshop desta foto.
Primeira pergunta: Baby Daddy faz rir? Faz. Segunda pergunta: Baby Daddy é uma série de qualidade? Não. Não mesmo.
O requisito mínimo que uma série precisa ter para se denominar comédia é fazer rir. Ela não precisa fazer reflexões sobre a vida, filosofar sobre a condição humana, ser genial e transformar coisas absurdas em coisas cômicas… Nada disso. Uma comédia pode até mesmo falar sobre o nada, desde que ela faça o nada ser interessante o suficiente para atrair a atenção e causar o riso.
Mas de nada adianta ser engraçada se os elementos essenciais de uma série insistem em falhar. No caso de Baby Daddy, as atuações e os personagens são os erros. Tirando alguns momentos de Riley (Chelsea Kane), e da mãe mais apoiadora do mundo, Bonnie (Melissa Peterman), o resto parecia teatro infantil.
Que caras e bocas foram aquelas de Tucker (Tahj Mowry)? Para que tudo aquilo? Ele é, de longe, o personagem mais carismático e engraçado, mas nem na China ele precisava ficar fazendo exercícios com os músculos faciais daquele jeito. Seria muito mais prático se ele só atuasse.
Danny (Derek Theler), o bebê gigante, ficou desproporcional em tamanho, personagem e ator. A intenção da série é mostrar um bebê ocupando o corpo de um homem, um irmão mais velho que faz o papel de mais novo e por aí vai. Mas Derek parece não estar à vontade no papel. Ele também força um pouco nas caras e bocas, e arruma uns trejeitos para o personagem que não fariam a menor falta se não estivessem ali.
Jean-Luc Bilodeau tem nome chique e francês, mas não tem carisma para interpretar Ben. Ironicamente, como protagonista ele é quem deveria chamar mais atenção e causar simpatia. Porém, tudo o que ele consegue é passar despercebido na maior parte do episódio… E isso só muda quando os três coadjuvantes – literalmente – saem de cena para que o novo papai se familiarize com sua filha e desista da adoção.
Aliás, vamos falar dessa familiarização. É claro que o Piloto precisava “fazer tudo” dentro de 22 minutos para dar seguimento à premissa da série – que tem seu quê de Raising Hope. Angela abandona o bebê, arruma os papéis de adoção, Ben tem dúvidas sobre se quer ser pai ou não, sua mãe lhe dá umas boas doses de verdade, seus amigos conspiram para que ele adquira autoconfiança, ele consegue fazer o bebê se acostumar à ele rapidamente (milagres acontecem, ora), se apaixona pela criança e pronto: Emma tem um papai. Tudo foi numa velocidade tão absurda que não tem como dizer que não foi forçado. Mas são ossos do ofício, já que é tarefa de um Piloto curto dar conta de toda a apresentação.
Só que as más atuações não são ossos do ofício. Nem dá para dizer que falta os atores se adaptarem aos papéis porque as caras e bocas estão persistentes demais para dizer que são erros corriqueiros. E falta muito, ou tudo, para que eles convençam em seus papéis. Por exemplo, Baby Daddy já quis mostrar um triangulo amoroso entre “Calça Gorda”, Ben e Danny, mas enquanto quem tem o coração da moça nem percebe nada, o que quer o coração dela nem parece interessado. E a “falta de interesse” não é do Danny tentando disfarçar a situação, mas sim de Derek Theler dizendo que “não tem tudo na vida” enquanto via sua amada sair de cena para socorrer seu irmão. Cadê a paixão da fala na atuação?
Outra coisa que não deu para deixar de notar foi o cenário tentando copiar Friends. A porta da casa de Ben, assim como sua varanda, lembram demais a casa de Monica. Coincidência que não é. Especialmente quando se tem um dos diretores da patrona das comédias na produção da novata.
Baby Daddy pode até acabar sendo uma boa série. A premissa dela é interessante e é engraçada. Não é à toa que um filme como Três Solteirões e um Bebê teve remakes e inspirou outras produções cinematográficas. Aqui, a coisa ainda está maior porque os três solteirões terão uma fada madrinha, que não só adora o novo pai, como sentava na cabeça dele quando era criança (e obesa), sabe trocar fraldas em questão de segundos e ainda faz faculdade de Direito…
Mas para que esta seja uma boa série, os atores terão que parar com o fingimento e começar a atuar. Até a “atriz” que faz Emma está se saindo melhor que os adultos. Chega de forçar expressões e tentar deixar as coisas mais engraçadas. Um homem comendo papinha de neném já é engraçado por si só. Garotos tentando se livrar de cuidar de um bebê, ou comprando comida sólida para quem nem tem dente, já é engraçado por si só. A coisa pode funcionar de forma mais simples do que eles imaginam: é só interpretar as linhas do roteiro e pronto.
Baby Daddy é da ABC Family, criada e produzida por Daniel Berendsen (The Nine Lives of Chloe King, Sabrina, The Teenage Witch e Hannah Montana: The Movie). Ele também escreveu o piloto, enquanto Michael Lembeck (Friends) foi o diretor.