True Blood e a Sina do "está ruim, mas não paro de assistir"
Desde sua 3ª temporada, ou seja, desde 2010, True Blood consegue arrancar reclamações de praticamente todos os seus telespectadores. P...

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Desde sua 3ª temporada, ou seja, desde 2010, True Blood consegue arrancar reclamações de praticamente todos os seus telespectadores. Pelo menos enquanto se trata dos brasileiros viciados em séries, que gostam de comentar o que veem em blogs e redes sociais, a obra vampiresca de Alan Ball tem perdido cada vez mais créditos.
Apesar disso, poucos dos que reclamam largam a série definitivamente. Ao invés disso, continuam a ver e a reclamar. Por que será que True Blood tem esse efeito?
Em primeiro lugar, mesmo sendo fã da série, reconheço os (vários e óbvios) defeitos dela. Sei da imensa quantidade de tramas e personagens desnecessários que nunca morrem nem deixam de surgir. Sei que as cenas de morte e sexo são inerentes ao show, mas nem por isso deixam de soar exageradas e como válvulas de escape quando o roteiro fica fraco.
Sei que existe tanta história inventada durante a temporada, que na Season Finale algumas tragédias surgem do nada para dar conta de fechar o que der - e muita coisa ainda permanece em aberto. Sei disso, sei daquilo, e sei de outras coisas mais, e ainda assim continuo gostando de True Blood.
O que eu não entendo é que se está tão ruim para tantos, por que não deixam de ver a série? Seria o potencial dela, que é sempre "muito grande"? Ou seria a elogiada segunda temporada que conquistou o coração de muitos?
Para a primeira pergunta, é difícil ter uma resposta. Potencial a gente avalia no piloto, se muito na primeira temporada. Se TB está em sua quinta, a hora de acreditar no "potencial" dela já passou. Se nestes cinco anos que passaram ela não conseguiu provar o potencial que supostamente tem, nos próximos cinco é que ela não deve conseguir.
A propaganda e as promessas que a HBO faz são sempre imensas. As Seasons Finales são sempre grandes estouros. Os posteres, teasers, trailers e afins são de dar inveja a muita série boa por aí, e de deixar muito seriador morto de curiosidade. Mas isso já se repetiu cinco vezes...
Quanto à segunda pergunta, certamente uma temporada de sucesso lá atrás não justifica nada. Às vezes uma série consegue atingir seu ápice e executar uma trama com perfeição. Às vezes. Aquelas que conseguem fazer isso mais de uma vez são raras, sortudas e lembradas eternamente. Mas é aí que está. Elas são sortudas, e sorte não é algo que a gente senta e espera.
Logo, se a esperança de um seriador é que True Blood repita o prodígio de seu segundo ano, é melhor que ele pegue uma caixinha de lenços, uma lata de brigadeiro, sente-se num sofá bem confortável, e se despeça para sempre. Pode ser que uma dia o milagre da segunda vez aconteça. Pode ser. É uma possibilidade vaga demais para suportar algo insuportável.
No entanto, leitores, o efeito da série nos reclamões de plantão não deve ser simplista a ponto de significar largar True Blood, nem deve ser rude a ponto de significar que se assiste, tem que gostar. Para o show, cada crítica é lucro. Que importa se estão falando mal, pelo menos estão falando - enquanto assistem, dão audiência e fama.
Para os fãs mais arroxados, ver alguém descendo a lenha na série amada é sempre motivo de partir para a briga, com direito a palavrões e maldições que se estendem à mãe do rebelde que ousa falar mal de algo tão sagrado. Deveria mesmo era ser motivo de riso, já que quem não está gostando perde 50 minutos, 12 vezes por ano, desde 2008 (contado já com o final da 5ª temporada). Sabe quanto dá isso? 60 episódios ou 3.000 minutos ou 50 horas ou 2 dias inteiros. Cinquenta horas da vida de alguém usados para ver True Blood e depois passar mais tempo ainda reclamando dela.
Eu continuo gostando de TB, mesmo que hoje eu nem saiba direito o que me agrada e me desagrada nela. Mas, acredite, ainda estou longe de dizer que tudo da série está errado. Bom, se este dia chegar, vou jogá-la para o infinito e além. Vai doer um tantinho na alma mas jogarei. Só que enquanto isso não acontece, me divirto pacas com a agressividade de quem vê e não gosta, e de quem gosta e quer matar quem reclama.
É absurdo, é hilário, é pura comédia. No final, nada disso interfere em nossa vida. True Blood não passa de uma mera obra televisiva, baseada em livros de ficção. Ela gera lucro e permanecerá no ar até quando não gerar mais. Quem se importa com aqueles que reclamam? Quem se importa com aqueles que xingam os que reclamam? Ninguém.
Atualização em 15 de agosto de 2012:
A revista Veja fez uma reportagem sobre o fenômeno do hatewatching, combinação das palavras odiar (hate) e assistir (watch). Em sua edição 2281, de 8 de agosto de 2012, nas páginas 180 e 181, na reportagem "Adoramos Detestar" escrita por Bruno Meier, a revista comentou sobre como os telespectadores detestam True Blood e mesmo assim continuam vendo a série. Transcrições a seguir:
E você, o que acha deste Buzz de True Blood?
* A imagem que ilustra este post é uma Fan Art feita por kaizar.
A propaganda e as promessas que a HBO faz são sempre imensas. As Seasons Finales são sempre grandes estouros. Os posteres, teasers, trailers e afins são de dar inveja a muita série boa por aí, e de deixar muito seriador morto de curiosidade. Mas isso já se repetiu cinco vezes...
Quanto à segunda pergunta, certamente uma temporada de sucesso lá atrás não justifica nada. Às vezes uma série consegue atingir seu ápice e executar uma trama com perfeição. Às vezes. Aquelas que conseguem fazer isso mais de uma vez são raras, sortudas e lembradas eternamente. Mas é aí que está. Elas são sortudas, e sorte não é algo que a gente senta e espera.
Logo, se a esperança de um seriador é que True Blood repita o prodígio de seu segundo ano, é melhor que ele pegue uma caixinha de lenços, uma lata de brigadeiro, sente-se num sofá bem confortável, e se despeça para sempre. Pode ser que uma dia o milagre da segunda vez aconteça. Pode ser. É uma possibilidade vaga demais para suportar algo insuportável.
No entanto, leitores, o efeito da série nos reclamões de plantão não deve ser simplista a ponto de significar largar True Blood, nem deve ser rude a ponto de significar que se assiste, tem que gostar. Para o show, cada crítica é lucro. Que importa se estão falando mal, pelo menos estão falando - enquanto assistem, dão audiência e fama.
Para os fãs mais arroxados, ver alguém descendo a lenha na série amada é sempre motivo de partir para a briga, com direito a palavrões e maldições que se estendem à mãe do rebelde que ousa falar mal de algo tão sagrado. Deveria mesmo era ser motivo de riso, já que quem não está gostando perde 50 minutos, 12 vezes por ano, desde 2008 (contado já com o final da 5ª temporada). Sabe quanto dá isso? 60 episódios ou 3.000 minutos ou 50 horas ou 2 dias inteiros. Cinquenta horas da vida de alguém usados para ver True Blood e depois passar mais tempo ainda reclamando dela.
Eu continuo gostando de TB, mesmo que hoje eu nem saiba direito o que me agrada e me desagrada nela. Mas, acredite, ainda estou longe de dizer que tudo da série está errado. Bom, se este dia chegar, vou jogá-la para o infinito e além. Vai doer um tantinho na alma mas jogarei. Só que enquanto isso não acontece, me divirto pacas com a agressividade de quem vê e não gosta, e de quem gosta e quer matar quem reclama.
É absurdo, é hilário, é pura comédia. No final, nada disso interfere em nossa vida. True Blood não passa de uma mera obra televisiva, baseada em livros de ficção. Ela gera lucro e permanecerá no ar até quando não gerar mais. Quem se importa com aqueles que reclamam? Quem se importa com aqueles que xingam os que reclamam? Ninguém.
Atualização em 15 de agosto de 2012:
A revista Veja fez uma reportagem sobre o fenômeno do hatewatching, combinação das palavras odiar (hate) e assistir (watch). Em sua edição 2281, de 8 de agosto de 2012, nas páginas 180 e 181, na reportagem "Adoramos Detestar" escrita por Bruno Meier, a revista comentou sobre como os telespectadores detestam True Blood e mesmo assim continuam vendo a série. Transcrições a seguir:
O hatewatching é uma prática deliberada, não acidental, que congrega uma estranha audiência cativa do programa odiado. Requer fidelidade, e nesse sentido é um parente próximo do guilty pleasure, o prazer culpado oferecido, por exemplo, pelo kitsch melodramático de um Dallas (na nova ou na antiga versão, tanto faz). Com frequência, o deleite perverso do hatewatching só se consuma nas redes sociais, onde esses fãs doentios encontram seus pares para, em conjunto, esculachar o episódio que acabaram de ver.
Nas primeiras temporadas, True Blood, da HBO, valia-se dos vampiros para encenar uma alegoria muito pós-moderna sobre a difícil convivência com a "diversidade". Aos poucos, porém, o comentário social foi se esvanecendo para dar lugar a um show sobrenatural trash, com bruxas e fantasmas, e muitas cenas de sexo ensanguentado e canastrão. O antigo fã talvez assista à quinta temporada da série criada por Alan Ball na esperança de que ela volte aos trilhos. Mas, como não há mostras de que isso possa acontecer, só lhe resta divertir-se detestando a patuscada absoluta em que True Blood se converteu.
E você, o que acha deste Buzz de True Blood?