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Scandal - 2x01 a 2x11

Ui, Fitz é um homem tão bom. Ui, Fitz é um homem tão puro. Ui, Fitz é um homem tão íntegro. Ui, Fitz tem um coração tão grande. Ui, não...

Ui, Fitz é um homem tão bom. Ui, Fitz é um homem tão puro. Ui, Fitz é um homem tão íntegro. Ui, Fitz tem um coração tão grande. Ui, não tem homem melhor que Fitz para ser presidente. Ui, Fitz não vai conseguir ganhar a eleição. Ui, vamos fraudar a eleição por Fitz?

Shonda Rhimes nunca errou tanto na vida.

Apesar de séries serem meras obras de ficção e não terem real implicância no mundo real, existem temas que, quando tratados nelas, merecem atenção e cuidado especial. Alguém não pode pegar o tema II Guerra Mundial, por exemplo, e escrever o roteiro que vier à cabeça. Há assuntos que não são banais e exigem do autor um mínimo de verdade e verossimilhança, sem necessariamente tirar a autonomia criativa dele.

Assim deveria ser o caso de Scandal. Por se tratar de uma série ambientada na política americana, ele tinha que ter tramas mais sérias. Ou melhor, tramas inteligentes. Shonda peca demais quando assume na maior liberdade que uma fraude eleitoral não geraria pelo menos rumores na sociedade americana. Ainda mais quando, inacreditavelmente, tal fraude está diretamente ligada a um ato terrorista (em solo dos EUA!), e tudo está conectado por um único homem.

Outro grande pecado dela é colocar um caso sexual tão escandaloso como o de Grant e Olivia como segredo por tanto tempo. No 2x11 nós vimos Olive e sua turma caçarem sujeiras no candidato adversário, não vimos? Eles descobriram que ele usava Prozac com receita em nome falso. Pois então. É assim que funciona a campanha eleitoral por lá. Não há sujeira no mundo que resista a uma campanha americana.

Mas, por incrível que pareça, absolutamente ninguém descobriu sobre os dois. Eles transaram diversas vezes nos quartos de hotel (!) e não houve uma só câmara, uma só camareira ou um só hóspede que notasse algo estranho. Na primeira temporada, os flashbacks mostraram que Billy Chambers gravou os dois no flagra, mas, além de ser só áudio, ele não sabia quem exatamente era a mulher que gemia na gravação. No final, Mellie "assumiu" que era ela e tudo ficou por isso mesmo.

Teve uma cena dos amantes que até me assustou. Os dois, no dia da posse do presidente, durante a festa, se pegaram na mesa do Salão Oval. Na mesa do Salão Oval. Gente, sério. Cadê as câmaras? Cadê o povo frenético atrás do novo presidente eleito? Jura que ninguém notou nem achou estranho o sumiço dele e de Olivia ao mesmo tempo? Que coisa.

Rhimes também pegou pesado com Huck. Não bastasse a ladainha de Quinn questionando ele o tempo todo sobre seu misterioso sequestro, ainda assistimos um agente tão inteligente e esperto como ele cair numa cilada estúpida. Ele disse que tinha checado o passado de Becky Flynn antes de ficar com ela, mas foi incapaz de descobrir que Becky não existia até três meses atrás. E assim, como se fosse nada, Harrison, Quinn e Abby descobrem tudo num piscar de olhos.

Aí Huck cai na armadilha da namorada, volta a transar com ela, tenta traí-la, e se dá mal. Não. Antes disso, ele pega a arma do crime, leva para o escritório de Olivia, e ainda vai para lá! GENTE? Ele não era uma mente mestre no crime? Ele não deveria saber que, de todos os lugares do mundo, lá era o único para o qual ele não podia voltar?

No 2x06, "Spies Like Us", presenciamos um pouco do que era a vida de Huck ao conhecermos seus antigos "colegas de trabalho". Lá estavam pessoas que, apesar de terem se aposentado da vida de espião, desconfiavam até da mosca que entrava na sala e estavam prontos pra matar qualquer coisa que ameaçasse a integridade deles. Nada, nada explica este plot de Shonda para o personagem que ela mesma criou.

O relacionamento de Olivia com Edison até faria mais lógica, se houvesse uma certa química entre os atores. Apesar disso, esta é uma das partes da série que não faz parte das tramas insanas de Rhimes, especialmente pela sua contradição. Faz sentido alguém insistir num relacionamento sem futuro por amor ou por necessidade. Edison insiste por amor, mesmo vendo que Olivia está muito mais distante do que ele pode alcançar. Ela insiste por necessidade, afinal, Fitz (aparentemente) acabou "terminando" o relacionamento absurdo deles.

O bom é que Edson chegou bem próximo da verdade. No 2x11, "A Criminal, a Whore, an Idiot and a Liar", ele conseguiu identificar cada verdade de Olivia e sua trupe de criminosos, mas depois se deixou levar pela hipocrisia afiada dela. E ele ainda acha que conhece a mulher...

Não sei se foi engraçado ou o quê, mas ficou bastante peculiar a cena dela responde a pergunta: "você é amante do presidente?". Ela falou, falou e falou e não disse NÃO. Apenas se mostrou ofendidíssima diante dos absurdos que o namorado falava, usando sua melhor retórica para mostrar o quão aterrorizada ela estava com as acusações. Ai ai.

Shonda fez mágica quanto a carta que Mellie forjou. Pense cá comigo.

O presidente dos EUA levou um tiro na cabeça. Dias depois, sem que haja notícia de que ele acordou ou uma aparição dele, surge uma carta com sua assinatura e ela acaba sendo liberada para a imprensa. O que você acha que a imprensa americana, uma das mais espertas e impiedosas do mundo, faria? Ela iria apenas divulgar que o Chefe de Estado estava acordado e supimpa? Sem nenhuma prova mais concreta? Nenhum jornalista iria verificar a autenticidade da assinatura? NENHUM?

Aparentemente no mundo de Shongamonga sim. A única americana que pensou em verificar o documento foi Sally, que não tinha razões de bom coração para tal. Meu deus do céu.

E o casamento de Cyrus? Entre um marido que está descobrindo a verdade sobre a fraude eleitoral e um bebê usado como chantagem, este é outro dos plots que podem ser críveis em Scandal. A parceria de James com David faz sentido, já que eles são as duas únicas pessoas da série com desconfiança e habilidades suficientes para verificar o que é realmente verdade (já que os funcionários de Olivia são mantidos na rédea por uma confiança cega). No entanto, de todos os lados existem obstáculos para eles.

Olivia mandou Harrison separar Abby de David da forma mais cruel possível, e Cyrus mandou vigiarem James pouco antes de decidir que era hora de adotar uma criança para manter o marido (burro e) dentro de casa. Pelo menos a estratégia de Cyrus não deu certo. Ou seria melhor dizer que infelizmente a estratégia dele não deu certo? Porque existe Hollis na conversa...

Imagine você, caro leitor, que a cúpula do poder americano é refém de um único homem. Todos ao redor do presidente, movidos pela suprema sabedoria de que Fitzgerald Grant é o melhor para comandar os EUA, decidem recorrer a alguém que vai lhes dar o que quer e mantê-los reféns. Assim... é difícil de explicar qual a lógica da situação aqui, mas é nisso que Shonda baseia sua série política.

Foi engraçado ver que Olivia, a mais "honesta" do grupo, relutou bastante a aceitar a ideia da fraude. Ela precisou de ver o amor de sua vida ser humilhado pelo pai e chorar pela morte deste para que seu coração cedesse. Pobre Fitz. Se antes já era tão bonzinho, depois de derramar algumas lágrimas merece vencer a eleição mais ainda, não é? É.

Duas últimas coisas a notar são a semelhança entre Grant-pai e Grant-filho, e o contraste de Fitz pedindo divórcio e Olivia sendo pedida em casamento.

Sobre a primeira situação, foi uma verdadeira comédia ver Fitzgerald condenando o pai por ter traído a sua mãe e ser um mau caráter. Ué. Por acaso ele é demente? Ele faz as mesmas coisas que o pai, com exceção de ser mau caráter porque ele não tem caráter nenhum. Ele é o personagem que a todo momento precisa de ter outro personagem ditando o que ele deve fazer e ser.

Quanto a segunda situação, só imagino que o inferno vai se levantar sob o comando de Mellie Grant. Vamos combinar: essa mulher sacrificou a dignidade pelo marido a muito tempo atrás. E dia após dia ela vem repetindo o feito, depositando nele uma fé totalmente sem cabimento, especialmente quando olhamos para a forma como ele é ingrato e a trata com desprezo.

Provavelmente Pope vai aceitar o pedido de casamento e aí teremos uma situação invertida, se Mellie não colocar fogo em Washington primeiro, claro. Eu só quero saber como é que Edison teve a coragem de propor, visto que ele também é outro sempre tratado como cachorro. Mas isso nem é o começo. Quero ver é como Olivia e Fitz vão se livrar dele se agora ela disser "sim". Edison já viu a verdade inteira uma vez e estava pronto para fazer o que tinha que ser feito. Quando ele se deparar com a verdade de novo -- e reconhecê-la -- o que ele fará então?


P.S.: Há uma coisa que devo elogiar: a cena de tortura de Huck. Que coisa agoniante.

P.S.2: Verna deda Huck e depois fica com cara de coitadinha diante de Olivia. Inocente essa mulher, não é? O que ela achava que fariam com ele mesmo?

P.S.3: Dá para acreditar que alguém que levou um tiro na cabeça e acabou de acordar vai saindo e governando os Estados Unidos, fazendo coletivas de imprensa? Em Scandal isso é tudo possível, minha gente.

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Postar um comentário Comentários via BLOGGER (1) Comentários via DISQUS

  1. Exageros e incoerências a parte, estou adotando Scandal. A trama é dinâmica e prende a atenção dos expectadores. Mega-recomendo!

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