The Good Wife - 5x01 a 5x04
Não há muito tempo atrás, estava eu reclamando de The Good Wife neste blog . A temporada passada foi um sufoco. E foi um sufoco que eles ...

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Não há muito tempo atrás, estava eu reclamando de The Good Wife neste blog. A temporada passada foi um sufoco. E foi um sufoco que eles prolongaram desde a 3ª, onde tudo em TGW começou a rodar, rodar e nunca sair do lugar. Eu usei até mesmo a "metáfora do cachorro" ao dizer que a boa esposa estava "parecendo um cachorrinho que vê a sombra de seu rabo refletida pelo sol e fica dando voltas querendo alcançar o segundo rabo". Hoje, depois de muitas preces, posso tecer comentários bem diferentes. The Good Wife finalmente resolveu sair do loop infernal em que se encontrava.
Ah, leitor, eu não poderia estar mais feliz. A bem da verdade, houve um tempo em que eu nem sabia dizer o porquê de continuar vendo esta série. Era triste, muito triste ver algo de premissa tão maravilhosa ser tão mal executada. Ninguém tinha história mais. E quando tinha, era um desastre total (veja o que fizeram com Kalinda, por exemplo).
Mas, de todos os defeitos, o maior era a indecisão de Alicia. Todas as vezes que a protagonista decidia algo, pouco tempo depois ela voltava atrás. Sempre surgia um motivo, e sempre um motivo idiota para fazê-la mudar de ideia e retroagir. Isso tirou a identidade da personagem. Ela literalmente parecia um cachorrinho caçando o segundo rabo, porque a cada volta que ela dava, ela parava no mesmo lugar de onde tinha saído.
No 5x01, Everything Is Ending, a primeira coisa que vimos foi um pontapé para acabar com este ciclo vicioso. Alicia finalmente tomou uma grande decisão que finalmente a comprometeria. Não mais tomar decisões pequenas. Não mais ficar com medinho de dar grandes passos. Nossa boa esposa enfim fez uma escolha que a tirou do lugar comum e ameaçou completamente sua estrutura de segurança.
Para tudo ficar melhor, essa imensa decisão contava com a presença significante de Cary, o personagem excelente que foi sumariamente ignorado na quarta temporada. Chegava a ser ridículo colocarem ele para aparecer uma vez ou outra, para falar uma palavra ou outra. Agora Cary não só aparece mais como tomou proporção de coadjuvante. Com a ideia de criar a Agos & Florrick, ops, a Florrick & Agos, ele insistiu para Alicia aceitar a proposta usando AQUELE argumento tão lindo quanto real: os dois são os novos Will e Diane. E não há nada mais verdadeiro.
É tão engraçado que essa afirmação faz todo o sentido inclusive em relação à idade deles. Tem também a questão do histórico, já que Will e Diane fundaram sua firma depois de estarem descontentes com o local em que trabalhavam. Já Alicia está fazendo por descontentamento também, mas mais por rebeldia. Ela acabou de ser promovida a sócia, mesmo que não tenha sido num contexto ideal. De certa forma, um dos motivos de sua saída é ela tomar as dores dos associados do 4º ano.
Por enquanto, do 5x01 ao 5x04, Alicia começou a enfrentar o desafio de liderar. Ninguém falou que criar uma nova firma seria fácil. Mesmo sem ainda ser de fato chefe dos associados, várias ordens (ou seriam sugestões?) dela foram desacatadas, com Cary afirmando que Florrick & Agos seria uma democracia, quando na verdade já é uma anarquia pura.
Definitivamente, as coisas estão fora de controle. Primeiro, os jovens ingênuos começaram a roubar os clientes da Lockart Gardner descaradamente. Se são advogados, se conhecem a lei, deveriam saber o perigo de tamanha desonestidade. Segundo, decidem ficar por mais um tempo para receberem o bônus. Nem precisa dizer o quão estúpido isso é. É risco demais. Terceiro, começam a empurrar Alicia para ultrapassar a linha do ético, e o pior é que ela acaba cedendo e é pega por Diane (cena épica de SANTA Alicia com a boca na botija e as calças arriadas)... Quarto, um associado idiota acha que pode tomar decisões pelo grupo e que prejudicar a firma da qual está saindo é um movimento inteligente. Não bastasse isso, ele ainda ameaça seus futuros chefes e colegas de uma só vez. Novamente, se são advogados, se conhecem a lei, deveriam saber o perigo de tamanha desonestidade.
Tudo isso contribuiu para "desmascararem" Alicia. Esse comportamento anárquico, parecendo um monte de crianças sozinhas em casa pela primeira vez (veja os sinais de "contagem regressiva" que eles andam fazendo dentro da Lockart Gardner), era tudo o que os chefes traídos precisavam.
David Lee logo notou. E é até estranho que ele não tenha desvendado tudo primeiro, já que presenciou a cena estúpida de Alicia com dois celulares e viu a mãe dela fazer um mega investimento suspeito. Já Will, tão bitolado querendo se livrar de Diane, não só não notou como começou a colocar em prática seu sonho de unir os sobrenomes Gardner & Florrick, nem que seja no letreiro da firma. Então, sobrou para Diane. Que no aperto de ser expulsa de seu reino, acabou percebendo tudo e entregando a cabeça de Alicia numa bandeja. Afinal, talvez esta seja a sua redenção.
A cena onde Alicia abruptamente entra na sala de Diane e é visceralmente encarada por esta, entrou para o rol das melhores de TGW. Diante expressou todo o sentimento de decepção que sentia, e nem precisou de palavras para isso. Acredito que a atitude dela de logo dedurar não foi só uma tentativa de conseguir o perdão de Will, mas foi também porque ela se sentiu genuinamente traída ao ver alguém destruindo (mais ainda) a obra de sua vida, e se aproveitando de seu momento de fraqueza para apunhalá-la nas costas.
Não sei se Will perdoará Diane. Mas, imagino que diante da traição das principais mulheres de sua vida, ele acabará cedendo para aquela que for mais "fácil" de aceitar. Querendo ou não, ele precisará de alguém do lado dele. Diane fazer uma entrevista chamando-o de ladrão, NADA se compara à Alicia, a mulher de sua vida (pela qual ele esperou 15 anos!), jogar fora (ou melhor, pisotear) tudo o que ele fez, faz e quer fazer por ela.
Todavia, a ironia do destino é que ela está sendo cruel assim justamente para livrá-lo de sua presença -- e do julgo de sempre ter que fazer algo por ela. Ela agora é mulher do governador e parece querer continuar como tal. Daquele jeito bem distante dela, até uma renovação de votos já está nos planos, ainda que fortemente sugerida por Peter. Nada mais sábio do que fugir de Will de uma vez.
Aliás, falando em Peter, ele é o único que não evoluiu nesta temporada. Infelizmente, o plot dele ainda consiste em não resistir ao pecado e correr para ele, ao invés de fugir. No caso, Marilyn Garbanza (Melissa George) representa o atual pecado do governador. E apesar dos indiscretos esforços de Eli, parece que os dois vão mesmo insistir em flertar. Nem que tenham que usar uma "indicação" de Dan Brown para isso.
Talvez esta seja a forma de dizer que, independente de quanto estrago ele cause, ou de quantas vezes ele peça perdão, Peter será o cafajeste de sempre. Talvez esta seja a forma de dizer que, novamente, Fênix Alicia passará pelo fundo do poço, mas desta vez terá que sobreviver não a um, mas aos dois homens de sua vida.
No meio disso tudo, ainda tem a NSA, plot mais que bem reciclado da realidade. O bom é que o roteiro usou a situação pra sambar na cara da sociedade, e a desculpa que a agência achou para espionar os Florrick foi o choro da ex-namorada do Zach ao telefone. No entanto, o ridículo vai levar aos pecados da família. A saída de Alicia para sua nova firma já foi descoberta, e a próxima "sujeira" deve ser o caso de Peter. Nada que a NSA não posso usar para manter os cães da Lockart Gardner longe de seus jardins.
Não podemos deixar de citar a participação (sempre perfeita) de Elsbeth no 5x04. Melhor do que isso foi a associação dela com Kalinda, que rendeu elogios de cabelo e (mais) revelações sobre a vida sexual agitadíssima da nossa querida menina flexível. Pelo menos lembrança das safadezas Kalinda tem, já que por enquanto os King colocaram a mocinha de castigo em abstinência.
Quem agora entrou "no castigo" por vontade própria foi Diane, que se casou com Kurt McVeigh desafiando todas as chances da vida. Os mundos de fortes ideologias dos dois são diferentes e ainda inimigos entre si, mas ela é teimosa e quer porque quer "ser feliz". Eu acho que, no final, por mais cruel que seja, o conselho que a amiga dela devolveu prevalecerá: Make sure your love can survive outside the bubble.
Para terminar a review, vamos dispensar os comentários sobre Grace estar na lista das mais sexies (quem se importa?), e vamos passar para Jackie versus Eli. TGW podia colocar os dois num ringue que renderia 40 minutos de episódio sem pestanejar. É sempre assim. Eli rosna, afasta Jackie, depois precisa dela, volta com o rabo entre as pernas, é adestrado por ela. É ao mesmo tempo engraçado e perverso. Engraçado porque Eli nunca lembra que sempre vai perder no final. E perverso porque Jackie é perversa. Ela realmente acha que o mundo pertence a ela e ao filho. Aliás, TGW foi bem sarcástica e colocou o amigão Ronnie para fazer um sutil trocadilho ao quase chamá-la de esposa ao invés de mãe de Peter. Claro, isso não foi desproposital.
O comportamento de Jackie, que se apresenta como senhora Florrick, sempre tendeu para o lado de "possuir" o filho, sendo que Alicia nunca passou de um mero acessório existente para o bem estar dele. Agora que ele é o todo-poderoso-governador, e parece que vai despencar do poder de novo, será uma ótima se a série aprofundar a participação de Jackie na história. Por enquanto, ela é só alívio cômico. Mas, com essa complexidade que nada de braçada no Complexo de Édipo, ela pode passar a ser mais um demônio para atormentar o país das maravilhas de Alicia.
P.S.: Will e Alicia fingem que são bobos e inventam tecnicalidades para justificar a transa do escritório... Safados.
P.S.2: O caso do 5x03, A Precious Commodity, foi bem insuportável. Espero que não venham outros parecidos.
P.S.3: A participação da mãe de Alicia no 5x02, The Bit Bucket, foi pura fofura. Tanto quando Alicia resolveu fazer birra, quanto quando Veronica financiou a firma da filha. Veronica tem que aparecer mais.
Kalinda, Kalinda, Kalinda...