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Buffy, a série da minha vida, por Diego Antunes

Sempre que alguém me pergunta sobre minha série favorita a resposta nunca muda: Buffy The Vampire Slayer . Posso estar assistindo a q...


Sempre que alguém me pergunta sobre minha série favorita a resposta nunca muda: Buffy The Vampire Slayer. Posso estar assistindo a qualquer outra série e estar vivendo qualquer outro momento, mas a série da minha vida sempre foi e sempre será Buffy.

Atenção: spoilers.

Comecei assistindo lá pelos meus 12 anos de idade. Lembro que na época a minha família tinha acabado de adquirir aquela preciosidade chamada ‘TV a Cabo’. Era uma época de revelação para mim, tantas séries, tantos filmes, Buffy foi um feliz acidente. Um dia estava praticando meu primeiro esporte favorito, zapear canais com o controle na mão e toda a pompa de ser, naquele momento, o maestro da casa. Escolhi, escolhi, até me deparar com uma moça loira, correndo atrás do que parecia ser um homem com raiva da vida, era Buffy, matando um vampiro qualquer no cemitério de Sunnydale. Foi amor a primeira explosão de pó.

Desde então, convenci minha família de que aquele programa seria o “da noite” e todo mundo iria me acompanhar nessa estrada. Foi assim que minha paixão por séries começou.

Mas não era só minha afinidade pelo oculto e sobrenatural que me fizeram gostar tanto assim de Buffy, foram os personagens. Existem e sempre irão existir muitas séries que lidam com essa parte mais obscura da literatura e do imaginário humano. Todos nós, vez ou outra vamos pensar sobre céu, inferno, anjos e demônios. Mas, só isso, não basta. Buffy era um apanhado de personagens facilmente relacionáveis e que todos nós queríamos como amigos. Eu mesmo sempre me incluí como o quarto integrante do grupo composto por Buffy, Willow e Xander. Eu queria estar lá com eles, queria estudar com eles, queria passar horas da minha vida em uma biblioteca em que o Giles estivesse para lançar olhares de reprovação e limpar as lentes dos óculos com tanto afinco. Era isso o que eu queria.

Para mim, uma série que não te faça querer ser parte daquele mundo, não está cumprindo seu papel. E por quatro anos (não comecei assistindo desde 97, quando a série estreou), Buffy fez parte desse meu imaginário.

Foi graças a Joss Whedon, e sua mente brilhante e sagaz, que eu acabei desenvolvendo também parte de todo o meu sarcasmo. Era bem comum os episódios da série serem carregados de tiradas ácidas, piadas com referências a cultura pop e muito, muito mais. Buffy ia além da mera experiência televisiva.

Como não lembrar do episódio da sexta temporada em que Buffy acorda em um manicômio após ser atacada por um demônio, e acredita que tudo o que viveu em seis anos era parte de uma doença psicológica que ela desenvolvera? Aquele episódio foi uma experiência de “E se...”, não a primeira da série, que já tinha acontecido em The Wish e complementado em Doppelgangland. Universos paralelos? Buffy tinha. Existia um em que não existia nada além de camarão. Sim, é verdade.

E se a caçadora nunca tivesse ido para Sunnydale?
Mitologia

E a mitologia da série? Que em sete anos nunca parou de ser desenvolvida. Em cada geração existe uma caça vampiros, apenas uma mulher em todo o mundo com a força e o poder de derrotar as forças das trevas. Quando essa mulher morre, outra, pertencente a essa linhagem, é escolhida e recebe os poderes da caçadora. Que são: super-força, habilidade, regeneração avançada, sonhos proféticos. Sabe o Superman? Então, Buffy era o equivalente em seu mundo. E isso era a mitologia central da série, a mulher loira que naquela época era tão vítima, viria a se tornar aquela que irá perseguir os monstros, não mais ser perseguida.

E que emoção era quando a primeira caçadora aparecia. Era o ponto alto do episódio em uma época em que nós dependíamos única e exclusivamente de revistas especializadas em séries, ou dos comerciais. Não existia YouTube. As promos que passavam de madrugada e nos mostravam uma pequena cena ou outra eram a única forma de sabermos o que aconteceria no próximo episódio. A emoção mesmo era gravar tudo no VHS barulhento para assistir depois e depois, sempre acumulando e morrendo de medo de alguém gravar ‘Sai de Baixo’ por cima. O que aconteceu várias vezes comigo, confesso.

Get it Done, da sétima e última temporada, mostra como isso foi feito, como a caçadora foi criada. Para mim, ele se tornou um dos melhores momentos da série. Mas existiam tantos outros. Como não comentar da nossa bruxinha favorita? Willow Rosenberg. Que começou como a nerd apaixonada pelo amigo Xander e terminou lésbica, poderosa e capaz de quebrar todas as regras do mundo. Existia evolução dos personagens, existia vida naquela ficção.

As temporadas


A série teve sete temporadas. Foram sete anos aprendendo com Buffy, lutando ao lado dela e vivenciando tantas emoções diferentes. Cada ano era uma fase, ou etapa, da vida de Buffy Anne Summers.

A primeira foi aquela que nos apresentou aos personagens, ao começo daquela mitologia, ao começo de tudo. Já a segunda, nos mostrou como era difícil crescer. Independente de você ser menino ou menina, ou da sua orientação sexual, a segunda temporada de Buffy conseguia falar com você sobre os assuntos que mais te assustavam. Buffy perde a virgindade para o homem que amava só para depois ele se tornar o vilão mais destrutivo de todos. Essa relação, que muitas meninas e meninos tiveram e sofreram, mostrava, mesmo que escondida atrás de monstros e vampiros, que nós podíamos vencer qualquer um desses problemas tão relacionáveis ao nosso cotidiano. Angel passou do amor da vida da protagonista para seu arqui-inimigo. A crueldade, a frieza, a passividade e agressividade guiaram um segundo ano que deixou um gosto de amargo nas nossas bocas, terminando com Buffy matando seu amor, literalmente.


Já na terceira temporada, somos levados ao amadurecimento e a tentativa de recriar a inocência perdida. Um caminho árduo e que deixou bem claro: uma vez que você cresça, não tem mais volta. Mais leve que o segundo ano e pegando a deixa da primeira quebra de regra na construção da mitologia da caçadora, acabamos amando e odiando Faith, a personagem que elucidava todo essa problemática da perda da fé, que graças ao sarcasmo de Joss, se chamava, em nossa língua e na deles, Fé! Foi também o ano em que Angel foi embora, deixou Buffy sozinha, porque o pra sempre que ela tanto queria, não poderia chegar. Tudo isso, e ele ainda ganhou um spin-off muito mais adulto e bem mais sombrio.

O quarto ano foi a prova de que série nenhuma consegue manter sua qualidade quando joga seus personagens na universidade. One Three Hill, por exemplo, fez um salto temporal e pulou todo esses anos em que somos obrigados a ver nossos personagens “experimentando” um pouco da quase vida adulta. Pelo menos, tívemos Willow se descobrindo sexualmente e a inclusão de Tara.

Claro, a minha temporada favorita foi a quinta, a temporada da família. A temporada dos sacrifícios. Quão duro foi Joss que nos deu a Caça Vampiros em sua melhor forma física e mental só para nos tirar tudo? E quão sádico dele decidir que não voltaria para comandar a sexta temporada, a temporada mais sombria da série, que não teve um vilão sobrenatural, mas sim humano, uma maneira perfeita de dizer que “A vida é a grande vilã”. Sim, ela era. Mas foi a temporada do musical, o inesquecivel Once More With Feeling, que veio abrandar todo nosso sofrimento.


Concluindo, a sétima temporada foi a última e um pouco instável. Precisava existir e fez bem em mostrar que a vida adulta é ruim, mas também pode ser um pouco divertida, mesmo quando a raiz de toda a maldade está querendo consumir o mundo com uma raça primordial de vampiros quase impossíveis de matar.

Morte



E já que falamos em morte, Buffy desempenhou um papel importante em mostrar que a morte pode adotar várias formas de ser abordada. Quer seja sádica, como a morte da professora Jenny Calendar na segunda temporada, ou crua e impiedosa, como a da mãe da Buffy no quinto ano. Um episódio inteiro sem música, somente o som das vozes dos personagens e dos efeitos.

Somente aquilo que nos faz tão humanos, brincando com nossa forma de ver a morte de um ente querido, nossos devaneios como no momento em que Buffy imagina que tudo está bem, mas, assim como nós, é esbofeteada pela dureza da cena com a mãe deitada no chão da sala, já sem vida, sem esperanças. Uma morte comum, digna de um ser humano, digna de um telespectador. Buffy também morreu, uma morte honrada, mas uma morte.

A série nunca nos decepcionou e sempre fez questão de mostrar que nossa vida é praticamente igual a dos nossos personagens favoritos. É só retirar os vampiros, só retirar a magia e os demônios, e você poderá incluir Buffy em qualquer problema comum.


Por todos esses motivos, Buffy é a série da minha vida. Mesmo quando ela não tentou me dar lição nenhuma, mesmo quando ela não falou nada por mais de vinte minutos, e ainda me prendeu do início ao fim, ela foi uma lição pra mim. Buffy é a série que eu queria que nunca terminasse.



Guest Post Este texto foi escrito por um brilhante e ilustre autor convidado, e faz parte de uma série de posts sobre as séries favoritas e os danos que elas causam no coração da gente.

Guest
O Autor
Diego Antunes  é de Três Lagoas, MS. Ama Buffy de paixão e não esconde que é fã de Power Rangers. Tem O Mundo das Séries há 2 anos, e escreve sobre Sleepy Hollow no SérieManíacos. Há 5 meses tem o Gay Nerd Brasil, super recomendado para quem aprecia bons peitorais. No Twitter atende pela alcunha de @diegoantunes22.

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Postar um comentário Comentários via BLOGGER (6) Comentários via DISQUS

  1. Parabéns pelo excelente post ! :D

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  2. Concordo com cada palavra! Assisto a série até hoje com a emoção de anos atrás.

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  3. Você disse tudo que eu sinto sobre essa série, que para mim, e acredito que para você também, não é só uma série, é vida <3 Buffy vai viver pra sempre em nossos corações de fã

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  4. Diego, meu caro, você realmente AMA Buffy!
    Acho que a série que mexeu assim comigo foi Gilmore Girls... ah, o que eu não daria pra ser filha do Lorelai :shy:

    É engraçado pra mim ver o relato de alguém que começou a ver determinada série tão cedo, acompanhando pela TV e tals. Eu nunca tive nada disso, nem Lost eu pude ter o prazer de acompanhar. Gilmore, então, muito menos. As séries de hoje... bem, parecem não ter o mesmo apelo que as mais antigas, e acho que você pode dizer o mesmo já que até hoje nenhuma te conquistou tanto quanto Buffy.

    Eu tenho vontade de ver Buffy, e confesso que já tentei... sem sucesso. Então guardei ela aqui de molho um pouquinho. Futuramente tento de novo e acho que uma hora dá certo rs. Mas depoimentos como este seu servem como mais do que incentivo. Já vi muita gente caindo de amores assim pela tal caçadora de vampiros. Algum sex appeal essa mulé deve ter!

    Diego, MUITO OBRIDADA pelo Guest Post.
    O prazer é todo meu e a honra é toda minha também.
    Já sabe: se quiser fazer outro (ou outros!), pode ficar à vontade. Está mais do que convidado. :smile:

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  5. Buffy The Vampire Slayer 4 palavras e tantos significados,como alegria,tristeza,diversão,amor,vida...
    Nunca vai existir série igual ou melhor q Buffy,msm q eu assista TVD,Glee,The Originals,The Walking Dead,entre outras.
    Buffy inspirou a maioria das séries e filmes sobrenaturais que existem hj em dia,inclusive,julie,a produtora/diretora de the vampire diaries disse q talvez faça um episódio musical tipo once more,with feeling msm q seja demitida por sair do contexto da série,enfim,BUFFY IS LIFE,BUFFY4EVER! <3 :)

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