Fringe, a série da minha vida, por Mariana Freire Cabral
Sabe aquela série que te faz passar o resto da sua existência seriadora comparando todas as novas séries a ela? Cada um tem uma, e nem ...

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Sabe aquela série que
te faz passar o resto da sua existência seriadora comparando todas as novas séries
a ela? Cada um tem uma, e nem sempre as pessoas concordam. Já que é uma questão
de gosto e opinião, muitos me acham problemática por dizer que a minha é Fringe. Trazendo questões sobre a
existência de universos alternativos, física, química e, claro, substâncias
ilícitas, Fringe tinha de tudo um
pouco: ação, crimes, suspense, romance, comédia, ficção científica e algumas
outras coisas que a gente nem percebe que existem na série por ela ser um
bocado intensa.
Quando alguém me
pergunta “Mas por que Fringe? O que
ela tem de bom?”, meu cérebro quase dá um curto tentando colocar em palavras a
minha paixão por essa série. O motivo por gostar de Fringe? Nem dá pra saber direito; mas foi aquele tipo de série que
me causou amor à primeira vista. Tudo aconteceu muito antes de eu ter o hábito
de baixar trocentos episódios pela internet; na época que eu ainda confiava na
TV por assinatura do nosso Brasil varonil para assistir a séries estrangeiras.
Fringe passava na Warner Channel no nosso território, e antes mesmo da
estreia, quando a emissora começou a anunciar o episódio piloto, eu já comecei
a me interessar. Quando chegou finalmente o momento da estreia, foi a uma hora
e vinte minutos mais apreensiva da minha vida. Porque a gente não sabia o que
esperar daquela novata que chegava trazendo Joshua Jackson (o saudoso Pacey, de
Dawson’s Creek), John Noble (a galera
geralmente lembra dele do Senhor dos Anéis,
no papel de Denethor), e uma novata que ninguém nunca tinha ouvido falar, a
protagonista australiana Anna Torv.
O episódio piloto (na
minha humilde opinião, o melhor episódio piloto que já vi) já nos trouxe uma
linda história de amor e um problema que envolvia níveis diversos de intrigas
que não conseguimos muito bem entender. Fringe
tem isso também; às vezes a gente não consegue entender o que está acontecendo
até a coisa ser resolvida e soltarmos um aliviado “aaaaahhhh... é isso?”.
Foram cinco anos de
companheirismo, de amizade, de surtos psicóticos, de sofrimento, de sustos
quando o volume estava muito alto, de nojeiras durante as experiências do
Walter, e de apertos no coração. Nunca vi uma série ter tanto aperto no
coração! Possibilidades viajadas na maionese, como teletransporte, reanimação
de cadáveres (ainda que apenas temporariamente), telecinese e o diabo a
quatro... Fringe tinha! Um cientista
maluco que passou 17 anos no manicômio e que de repente começa a trabalhar para
o FBI... Fringe tinha! Mistérios que
nem os próprios personagens sabiam bem ao certo como explicar... Fringe tinha!
Mas vamos fazer o Jack
Estripador e vamos por partes.
Personagens
Uma das coisas que
mais me chamavam a atenção em Fringe
eram os personagens. Muitas vezes somos apresentados a personagens rasos,
daqueles que são bons ou são maus; quando surge um problema, ou ele resolve da
maneira correta e moral, ou faz algo cruel e continua carregando sua fama de
vilão insensível. Em Fringe, os
personagens são apenas humanos, fazendo o possível para sobreviver a um mundo
em guerra com o universo alternativo e para salvar seu próprio universo de se
desintegrar na linha do tempo. E, para que tudo desse certo, muitas vezes eles
se viam prestes a tomar decisões que eles nunca se pensaram capazes de tomar, e
de fazer coisas que eles nunca pensaram ser capazes de fazer.
Os personagens que ainda nos fazem falta
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O cientista maluco que
passou a ajudar o FBI, Walter Bishop, é um dos personagens mais excêntricos que
já tive o imenso prazer de conhecer. É claro que John Noble trabalhava
brilhantemente para trazer o personagem à vida, mas o próprio Walter já era
especial no papel. Trancafiado no manicômio por 17 anos após causar a morte de
uma assistente em seu laboratório durante um experimento esquisito, Walter se
distanciou do filho e da esposa (in
memoriam) após ser tirado de circulação. Trabalhar com o FBI lhe deu uma
chance de reconquistar o filho já que, para que ele pudesse sair do hospício,
seu parente mais próximo tinha que ser seu tutor.
Peter Bishop, o filho
de Walter, revoltado com o fato de seu pai ser um lunático e o causador do
suicídio de sua mãe, vivia praticando pequenos crimes aqui e ali para
sobreviver. Possuidor de um Q.I. bem impressionante, Peter usava sua inteligência
para as coisas erradas, até Olivia o chantagear e obrigar a voltar aos Estados
Unidos e a ajudar a tirar seu pai maluco do manicômio.
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Astrid, Walt, e Gene, a vaca. Um dos personagens mais queridos de Fringe |
Os personagens
secundários foram crescendo e cada vez mais conquistando o coração dos fãs.
Astrid Farnsworth era assistente da Olivia, que foi incumbida de ajudar o
Walter com suas experiências. Aos poucos, Astrid e Walter formaram uma amizade
bonita (e engraçada) de se ver. Apesar de nunca acertar o nome dela, Walter
sempre deixou claro ter um imenso afeto pela assistente.
Charlie Francis, amigo
e parceiro de Olivia no FBI, logo de cara conquistou a gente por ser a única
pessoa “normal” perto da protagonista, aquele amigo com quem ela podia
conversar e que sabia de tudo e de quem ela não tinha nada a esconder.
O chefe mal humorado
da Olivia, o agente Phillip Broyles, é um dos personagens que mais nos
surpreendeu. Chegando logo no primeiro episódio para a equipe do FBI, de cara
já começou a tratar mal a protagonista e nunca foi muito gentil com os
personagens de quem a gente sempre gostou. Mas Broyles também foi daqueles
personagens que salvavam a pátria no final das contas porque acabava fazendo
algo totalmente errado na visão moral e política da coisa, mas que servia para
que nosso trio justiceiro (Olivia e os Bishop) conseguissem o que queria, e
precisavam.
Nina Sharp também
começou como uma pessoa que despertava a nossa desconfiança a cada palavra que
ela dizia, mas que, assim como Broyles, foi fazendo e dizendo coisas que nos
fez confiar nela, e até gostar um pouco.
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Os universos paralelos |
A galera alternativa via o mundo dos nossos queridos personagens como o culpado pela desgraça deles (e em certo ponto eles até que estavam corretos) e, por isso, faziam o que fosse preciso para conseguir sair vitoriosa. Entre essas coisas estava prejudicar, prender, torturar, matar a galera do mundo de cá. Isso sempre deixava a gente chateada e odiando todos os que vinham do outro mundo.
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Olivia, Walter e seus alternativos |
Evolução das
temporadas
Muitos fãs da série
deixaram de se empolgar depois da terceira temporada. E vou explicar o porquê.
A primeira temporada nos trouxe um conjunto de problemas e intrigas que a gente
sabia que estavam ali, e víamos eles serem resolvidos, e víamos o nosso trio de
ouro lutando e combatendo, mas que nunca realmente sabíamos como tinha
acontecido.
Na segunda temporada,
a confusão continuou, porém dessa vez nós já sabíamos que aquilo tudo estava
acontecendo porque algo muito esquisito estava ocorrendo entre os dois
universos. Aí fomos introduzidos à ideia de um universo alternativo igual ao
nosso mas com algumas coisinhas diferentes.
A terceira temporada
nos trouxe uma tremenda bagunça entre os dois universos e seus personagens,
além de uma linda história de amor que nos deixava colados com a cara na tela
do computador sem nem lembrar que precisamos respirar. Foi uma temporada muito
intensa, com uma história forte que fez a gente torcer por quem antes odiávamos
e nos fez ter certo ressentimento contra personagens que antes amávamos. Mas a season finale veio e nos deu um tapa na
cara apagando tudo o que havia acontecido.
E foi neste momento
que muitos que assistiam à série deixaram de se empolgar. Mas não os fãs,
porque os fãs de verdade continuaram até o fim, sofrendo com os personagens até
a série acabar, na temporada seguinte. A história ainda continuava; Fringe ainda continuava; e a gente
continuava acompanhando com uma dor no coração por ter tanta coisa ainda na
nossa cabeça das temporadas anteriores que sabíamos que não seriam resolvidas.
Estamos sendo vagos,
eu sei. Este texto é uma tentativa de fazer as pessoas entenderem por que Fringe é tão awesome e como vocês devem assisti-la. Por isso, não estou dando
detalhes das coisas intensas e surpreendentes e surtantes que acontecem porque
seria muito spoiler para quem tiver
vontade de assistir à série após ler isso aqui.
Depois de uma queda de
audiência considerável na quarta temporada, que por sinal já vinha acontecendo
desde o início, pois Fringe lutava
contra o demônio do cancelamento ano após ano com muita garra, a série chegou a
um fim. O mundo foi cruel com Fringe,
mas nem tanto. Ganhamos uma temporada final com 13 episódios para termos pelo
menos um fim digno para uma série tão cheia de perguntas mas com muito poucas
respostas.
A quinta e última
temporada trouxe a série de volta àquela intensidade e emoção (e dor, muita
dor) que vimos na terceira temporada. Foi uma temporada muito boa no final das
contas, mas que também doía a cada episódio por sabermos que estava acabando.
Um final feliz a gente
não pode dizer que teve; afinal, Fringe
nunca foi uma série muito feliz. Mas teve um final digno e o sofrimento não foi
muito quando vimos que nem tudo acabou mal e que nem todos ficaram infelizes.
Ship
Todo bom seriador sabe
reconhecer uma boa série, uma série que te leve à loucura, seja pelos
personagens, enredo ou roteiro. Mas o que todo bom seriador sabe mesmo
reconhecer sem erro é um ship. Todo
seriado é um bom marinheiro; a gente nem precisa de luneta pra avistar um ship lá longe se formando e começando a
se aproximar. Em Fringe, o ship estava presente. E o ship de Fringe era o melhor tipo de ship
que pode existir: o sofredor.
A série começa com a
protagonista em um relacionamento firme e apaixonado, e foi justamente este
relacionamento que trouxe os três principais personagens a se unirem. Para
salvar a vida de seu namorado, Olivia foi atrás de Walter, que precisou de
Peter para tirá-lo do manicômio. O coitado do namorado da Olivia vai saindo de
fininho da série, mas não sem ser recordado aqui e ali, e acaba sendo esquecido
por todos nós... e pela Olivia.
Polivia, o ship da série, foi um ship sofrido como a gente gosta. Mas Fringe trouxe algo diferente para as
nossas vidas: o universo alternativo. Logo, tivemos este fator para influenciar
no nosso ship. Tínhamos duas Olivias,
e apenas um Peter. Como proceder, produção? Foi um procedimento complicado.
Não há quem assista Fringe e não ship Polivia. Mas muitos ficaram um pouco divididos em certos
momentos; e a gente nem pode julgá-los, porque já pode jogar a primeira pedra
quem nunca teve seus sentimentos confundidos por Fringe.
Observadores e Easter Eggs
Introduzidos logo no
início da série, os Observadores só foram ser explicados depois de algum tempo.
Estes sujeitos nos fizeram olhar estranho para qualquer sujeito careca de terno
usando um chapéu. Em cada episódio havia um Observador escondido em alguma cena,
e a gente se divertia tentando encontrá-lo. É claro que depois de algum tempo
ficou impossível não vê-los nos episódios já que nas duas últimas temporadas
eles meio que faziam parte do elenco fixo.
Os Easter Eggs também foram marca
registrada de Fringe. A cada
entervalo comercial a gente recebia um símbolo que se referia a alguma letra do
alfabeto. Ao final do episódio, na junção das letras tínhamos uma dica do que
veríamos no próximo episódio. A semana inteira os fãs ficavam matutando o que
aquela palavra queria dizer; e quase sempre errávamos.
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Os Observadores |
LSD
Loucura! Acho que Fringe pode ser classificada apenas com
essa palavra. Loucura no enredo; muitos acontecimentos que nos deixavam seriamente
questionando nossa própria sanidade. Loucura no roteiro; muitas vezes a gente
se perguntava se havia ouvido certo. Loucura no Walter Bishop, que muitas vezes
usava LSD ou alguma outra forma de ficar doidão, fosse com fins científicos ou
só pra curtir mesmo. Loucura era como a gente ficava a cada season finale ou durante cada hiato que
nos deixavam pensando em mil e uma formas de resolver a maneira como aquele
episódio tinha acabado.
Mas a gente nunca
acertava. Fringe era uma série
imprevisível e as coisas aconteciam de um jeito que nunca teria passado pela
nossa mente. Acho que não era só o personagem que usava LSD, hein.
O auge do LSD foi um
episódio musical (sim!) que nos trouxe Walter contando uma história para a
sobrinha de Olivia enquanto a agente do FBI saía em busca de Peter, que havia
sumido. Foi muita viagem pra nossa cabeça, mas para a cabeça do Walter foi só
mais uma noite de sexta-feira.
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Alguns easter eggs |
E por falar em
sexta-feira, quando a Fox passou nossa querida série para a última noite da
semana, já sentimos no fundo do nosso coração que era o fim. A audiência estava
sempre ameaçando despencar mais do que já havia despencado, e a Fox, na verdade,
até aguentou muito com a série no ar.
No final das contas,
por mais revoltados que tenhamos ficado com o fim, devemos agradecer por, pelo
menos, termos tido um fim digno, com um final que nos deixou satisfeitos.
Uma série que começou
com o “caso do dia” sendo uma investigação sobre algum ser estranho ou algum
acontecimento improvável, evoluiu para uma história que a gente nunca sabia como
ia ser resolvida. Algumas, inclusive, nem foram realmente resolvidas depois da mudança
drástica do enredo no final da terceira temporada. O caso do dia passou a ser o
caso da temporada e a gente foi se envolvendo mais com os personagens do que
com os casos bizarros por eles investigados.
A saudade que fica é
uma coisa boa; ela está ali pra lembrar que Fringe
foi boa. Afinal, a gente só sente falta de algo bom.
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Visual do episódio musical |
Ninguém a quem sugeri Fringe se arrependeu. As pessoas sempre
voltam para agradecer a sugestão e já pedem outra para não perder o costume. Ela
já acabou; mas isso significa que se você animar a assisti-la não terá que
suportar a nossa dor de esperar semanas, ou até meses, pelo próximo episódio.
Guest Post Este texto foi escrito por um brilhante e ilustre autor convidado, e faz parte de uma série de posts sobre as séries favoritas e os danos que elas causam no coração da gente.
Guest
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Autora |
Mari, Mari... te convidei inocentemente e o resultado é que aqui estou eu com o coração em pedaços. A saudade e a vontade de rever Fringe já estão maiores do que eu, e olha que eu jurei que só teria esses sentimentos por um tempo depois da Series Finale. Mero engano, né.
ResponderExcluirEsse texto seu traduziu tudo o que já pensei sobre a série. Tudo o que pensei e não consegui colocar em palavras! Fringe mexe tanto com a gente que ao invés de ficar fácil de expressar, faz é ficar impossível. É uma coisa tão BOA, mas tão além das palavras que tenho na minha cabeça!
Sinceramente, acho que nunca li algo tão completo sobre Fringe. O texto ficou maravilhoso, e é sem dúvida o melhor sobre a série em português até o momento. Vai ser difícil superá-lo.
MUITO OBRIGADA, mais muito obrigada mesmo por ter aceitado o convite. E sinta-se eternamente convidada para ser minha guest mais vezes. Publicar textos divinos como este só vai abrilhantar este espaço e será sempre MINHA HONRA.
Beijos gratos e boa semana!
aimeodeos, Arlane.
ExcluirMas assim você me deixa coisada e com o ego inflado!
Esse texto doeu mais em mim do que em você, acredite.
E eu é que agradeço o convite!
Como diria Vinírmus, essa menina é de ouro... eu que não sou tão fã de séries e nem assisti Fringe, deu vontade de conhecer... que coisamariana!!!rsrsrs...
ResponderExcluirmas era justamente essa a intenção! =)
ExcluirTerminei de assistir FRINGE neste momento (04:00am) sim, quase amanhecendo o dia, por que FRINGE é dessas.. Dessas que não nos faz ter maturidade pra esperar o próximo episódio hahah [triste e felicidade ao mesmo tempo] e numa sexta como o último season finale (soube por vc).
ResponderExcluirFiquei Apaixonado pelo season finale, o que eu faria se fosse diretor esse cara J. J. Abrams fez em na última season finale.
Um Mix de emoções que só caberia mesmo a um season finale, Adrenalina, Ação, Chororo (fita do Walter se despedindo), Mais ação (Olívia e peter invadindo o QG dos observadores), Felicidade (porque o Browlies não morreu Mais uma vez tentando salvar a todos), Mais ação, felicidade (Garotinho Michael caminhando juntos com o September pro buraco de minhoca e nós meros iludidos achando que tudo ia terminar bem), decepção (September leva um tiro), Mais Chororo ainda (Walter indo embora pra sempre :'()
Enfim.. Que serie!
Essa vai ficar marcado, merecia ser mais reconhecida ou igual breaking bad tbm com 5 temporadas e outra que ficou na memória. Aliás, será que é "mal" de Walter a série ser boa?! Haha
E como sempre, ao terminar uma série fui pesquisar a opinião de outros fãs pra ver se só eu tava maluco haha. Por isso te agradeço Mariana! Que belo texto! Obrigado!!
SÉRIE SHOW DE BOLA ,NÃO DA PRA ENTENDER OS AMERICANOS NÃO GOSTAREM DESTA SÉRIE,OUTRA SERIE MUITO BOA QUE TAMBÉM TERMINOU POR BAIXA AUDIÊNCIA É CHUCK.
ResponderExcluirSÉRIE SHOW DE BOLA ,NÃO DA PRA ENTENDER OS AMERICANOS NÃO GOSTAREM DESTA SÉRIE,OUTRA SERIE MUITO BOA QUE TAMBÉM TERMINOU POR BAIXA AUDIÊNCIA É CHUCK.
ResponderExcluirO E
ResponderExcluirEste comentário foi removido pelo autor.
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