Scandal - 1×03 - Hell Hath No Fury
É hora das máscaras caírem.

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Olivia continua sendo a toda poderosa de Washington, a mulher que consegue derrubar e levantar quem ela quiser. Mas o mesmo não pode ser dito de Mellie Grant, a primeira-dama, e Cyrus, o conselheiro do presidente.
Para nossa surpresa, Mellie não só sabe do affair entre seu marido e Olivia, como apóia o caso extraconjugal. Vale lembrar que foi Pope que terminou o relacionamento, o que significa que Grant teria o “aval” da esposa para continuar tendo uma amante se não tivesse sido chutado. Aliás, isso traz à mente outra pergunta: então Mellie também sabe sobre Amanda?
É engraçado que este casamento nos lembre dos casamentos reais, atualmente muito bem ilustrados pela 2ª temporada de Game of Thrones. Em GoT, a esposa do rei é tão devota à Vossa Majestade que não tem nenhum problema em permitir que ele durma com o cunhado. Para ela, no caso a personagem Margaery Tyrell (Natalie Dormer), o que importa é que o rei é o rei, e por isso ele pode fazer o que quiser e ter o que quiser. E esta é a fala de Mellie também, o que soa totalmente desproporcional neste contexto.
Grant não é um grande homem, ele passa muito longe disso. Além do mais, seu poder como presidente dos EUA pode até representar muito, mas não chega (mesmo) a ser como o poder de um rei medieval. Daí, essa devoção absurda de sua esposa, junto com a tramoia de Cyrius, envolve-o numa aura que ele não tem, mas que ainda suponho que seja o objetivo de Shonda.
Aonde Rhimes pretende chegar, no entanto, não dá para saber. Grant parece que não tem noção de quem ele é, e nem da capacidade das pessoas que o cercam. A única coisa que ele sabe fazer é dizer “Olivia, eu te amo”, “Olivia, eu te amo”. O mundo está desabando e ele: “Olivia, eu te amo”. Cyrus está tramando bem debaixo de seu nariz e ele: “Olivia, eu te amo”. Patético.
Aliás, vimos também que Amanda, além de estar aparentemente grávida, ainda tem um suposto cúmplice. O conselheiro do presidente recebeu deste cúmplice a gravação dos gemidos do patrão enquanto este copulava com sua funcionária. O presidente fica boquiaberto (por algo que ele fez), mas não arreda o pé: não é Olivia a autora da chantagem.
Ironias à parte, depois de ver Cyrus agindo com uma autonomia que ele não tem, começo a imaginar se é ele o associado de Amanda. Faz sentido, não? O que ele ganharia chantageando o presidente é assunto pra outra hora, mas por que ele se interessaria em separar Olivia e Grant daquele jeito? Está certo que o fato dela ser a amante atrapalharia demais a reputação do presidente, e agora ela também representa Amanda Tanner. Porém, no mundo em que eles vivem, atitudes tresloucadas como a de Cyrus sempre tem motivações ocultas e sempre acabam em traição. Espero que o cérebro de Grant tenha algum surto de inteligência para perceber isto antes que seja tarde demais.
Falando em percepção, o caso da semana foi para abalar qualquer conceito de certo/errado. A discussão girou em torno do que o dinheiro pode comprar, e do quanto o ser humano está disposto a esquecer por umas verdinhas a mais. Um caso parecido já aconteceu em Veronica Mars, com uma aluna processando o professor que engravidou e abandonou sua amiga. Aqui, a coisa foi mais além. O réu em questão, Travis Harding (Michael Cassidy), é o típico filho mimado, jovem herdeiro de um império que acha que nada pode lhe atingir. Ele estuprou uma menina e chamou o acontecimento de “erro”. O pagamento que ele fez à ela para não ser processado, ele chamou de “correção do erro”.
Olivia estava, inicialmente, tentando defendê-lo de uma segunda acusação de estupro, que acabou se revelando numa armadilha da amiga da verdadeira vítima (que havia se suicidado). Provando, mais uma vez, que ela é justa, num ato de anormalidade, Pope bate na porta da mãe de Travis e a convence, no meio da noite, a entregar o filho para a polícia.
A intenção dessa atitude repentina de bater na porta da mulher no meio da madrugada é para mostrar a urgência da questão. Mas, pelo que parece, este será o jeito de Olivia lidar com os problemas de seus clientes. Ela já fez isso no 1×01, Sweet Baby, ao conversar com o militar que não queria assumir sua homossexualidade. Só que esta sequência de “isso acabou de acontecer comigo e agora eu descobri o que meu cliente deve fazer” é simplista e enjoativa. O que Pope decide sobre a vida dela, sobre as constantes mudanças do que ela sente em relação ao presidente, deveria ficar só para ela. Basear a “lição de moral” de cada episódio no estado em que Olivia e Grant se encontram é um erro grande demais.
Mas Scandal também tem acertos. Um deles é o jornalista Gideon, que agora se revela um interesse amoroso para Quinn. Assim, a série mata dois coelhos numa cajadada só: ela para de ficar boaquiaberta o tempo todo, e ele passa a ser um membro “clandestino” da trupe de Olivia. Ele é de confiança, tem palavra, cumpre o que promete e sabe reconhecer – e valorizar – quando possui uma grande oportunidade. É muito provável que ele seja peça chave de algun (ou alguns) acontecimento no futuro.
Hell Hath No Fury terminou com Olivia tentando conquistar a confiança de Amanda mais uma vez. É bastante óbvio que Pope (só) está usando sua cliente como arma para atingir o ex-amante, o que deixa todo aquele discurso de “fazê-lo lembrar de você” muito mais sobre ela do que sobre Tanner. Mas como ironia é o que reina em Scandal, nada disso faz sentido já que foi Olivia quem “abandonou” Grant e se demitiu da Casa Branca para ficar longe dele.
Não seria mais lógico se ela simplesmente se afastasse? Seria. Seria se não fosse o fato do presidente colocá-la para destruir sua outra amante. Seria se Cyrus não tivesse enlouquecido e transformado o que estava ruim em algo mais ruim ainda. Seria. Um futuro que permanecerá para sempre no pretérito.